sexta-feira, 22 de junho de 2012

A Câmera transformando o trivial em poesia

Quem curte fotografia sabe o quanto uma cena comum pode se transformar em pura poesia. O instante capturado pela câmera evidencia peculiaridades que poderiam passar despercebidas sem o artifício do congelamento da imagem. Fotografar, muitas vezes, é revelar a poesia do mundo. Isso fica evidente no poema que faz parte do livro Marco do Mundo, de W. J. Solha.


"É a câmera que memoriza arraia - no fundo do mar -  imaginando-se OVNI na praia.
É a câmera que memoriza a menina a digitar as notas, na partitura, que vão florindo na sonatina.
É a câmera que memoriza o sapato no que ele se imagina Prosa, com a Poesia, xistosa, a lhe pôr... salto alto.
É a câmera que memoriza a ponte – que se queria grandiosa, de Albert Speer -,  mas que para no meio do mar, inacabada, reduzida a um simples píer.
É a câmera que memoriza o deserto africano que se vê oceano de dunas ondinas... e vida submarina. 
É a câmera que memoriza a nuvem a levitar - mais-leve-do-que-o-ar - mas sua sombra – que praticamente inexiste – não: movendo-se lá embaixo, no chão.
É a câmera que memoriza a caatinga – de paus e pedras, quentura de fogaréu - e o arco-íris, perfeito, que a vinga, no reino dos céus."


Sobre o livro: W. J. Solha, depois do primeiro poema longo - Trigal com Corvos, 2004, Palimage-Imprel, Prêmio U.B.E. Rio de 2005 - apresenta a segunda obra de uma trilogia, Marco do Mundo 2012, Ideia, cujo terceiro volume - Ecce Homo - está a caminho.
Fotos: From google

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